"Quando o Boddhisattva vê claramente o vazio dos agregados, livra-se de todo o sofrimento, ele ainda sabe como é a dor do outro. Assim como você, que vê uma pessoa tendo um pesadelo. Ele sofre, geme, sua, você vai lá, sacode o ombro, acorda, ele leva um susto, acorda de um sonho. Ele livrou-se de um sofrimento. Mas aquele sofrimento era real. O sofrimento mesmo imaginário, é real. Os sofrimentos de todos os seres do mundo são reais embora todos eles sejam sonhos. E não adianta dizer que vai passar. Tem que trazer a pessoa para a realidade, para que ela possa acordar do sonho, que é a única solução definitiva.
Por isso às vezes o que a gente diz é muito duro. Há que trazer a pessoa para a racionalidade, mas às vezes não há como retirar o sofrimento. O sofrimento vai continuar lá porque o sofrimento é emoção e não é racionalidade."
Acho que a minha felicidade causa estranhamento nos outros. Não é aquela coisa espalhafatosa, de voz alta, de gargalhadas, de exibição. É um ser feliz "na minha", quentinho, mas não em fogaréu, simples, satisfeito com minhas coisinhas e minha vida. Não é um estado constante de sorrisos, é altos e baixos, é entusiasmo e desânimo se alternando, assim como os dias e as noites se alternam sem comprometer a vida. Mais espanto causo que não procuro muito do que a maioria procura, não me sinto só, não acho que ninguém complete ninguém ou seja o divino portador da realização a não ser eu mesma. Se é para me julgar, competir, criticar, tentar consertar, me colocar em caixinhas, rotular, me tornar "normal", esperar um comportamento pasteurizado e coisas do tipo, melhor nem chegar. A liberdade que usufruo tem consequências e eu, de boa vontade, arco com elas. Podem me apontar na rua e nos corredores, cochicharem como se eu não soubesse, me tratarem como a estranha e esquizóide que eu, sinceramente, já passei, e muito, da fase de ligar para isto. Conquistei um dos maiores bens que se pode ter na Terra: tenho paz dentro de casa. O que muitos dariam quase a vida para conseguir, em geral não me causa nem coceira. Então, amigos são bem vindos, mas não queiram me encaixar nas engrenagens, aí é que eu vou espernear. E quem quiser partilhar da minha caminhada que saiba que não quero heróis, salvadores ou príncipes encantados, muito menos patrões. Se é para criticar minha inabilidade matemática, minha convivência com as gatas, o jeito que eu me visto, meu corpo, minha rotina, o que eu como ou deixo de comer, meu amor aos animais, minha busca espiritual e outras coisas mais, fique na sua, não sou eu a tua parceira. Se acreditas em joguinhos, em velhas e desgastadas fórmulas de convivência, nem se aprochegue! Não fui feita para ser cabresteada, não estou pela metade, não estou estragada, amargurada ou infeliz, bem pelo contrário.
Parceiros, lado a lado, são bem vindos, mas quem vem com espírito de conquista é melhor apostar em outra pessoa. Compartilhar vida é ótimo, mas as frases feitas de "é impossível ser feliz sozinho" (referindo-se somente a relacionamentos românticos) são bestas e as pessoas reproduzem boca afora como se fossem máquinas e acéfalos. Tem tanta gente no mundo e tantas possibilidades de relacionamento possíveis!
Vamos ser felizes, gente, esta vida é uma, igual não vai ter, vamos nos encarnar, tomar posse de nós mesmos e não vivermos pelos outros, mas COM os outros!
Falei e disse *hehehe*